A construção da verdadeira identidade

Ou: somos quem somos ou quem escolhemos ser?

Letícia Arcanjo
2 min readJan 12, 2023

Faz dois anos que entrei em um processo profundo de autoconhecimento.

Quando minha filha nasceu, posso dizer que, de certa forma, eu morri.

Mas não no mal sentido. A antiga Letícia morreu. Minhas crenças, meus valores, hábitos, desejos… nada daquilo existe mais.

O nascimento da minha filha fez com que eu revesse absolutamente tudo — tanto por conta da situação caótica na qual ele se deu, tanto pelo fato de que eu odiava a pessoa que eu era, então só precisava de uma desculpa para mudar, afinal.

E o que é melhor que o nascimento de um filho para motivar alguém?

Pois é. Mas o fato é que uma transformação dessa magnitude não poderia acontecer sem uma certa de dose de ansiedade, um pouquinho de burnout e várias crises existenciais pelo caminho (meu terapeuta que o diga).

Agora, dois anos depois, é como se eu conseguisse lentamente emergir de um mar bravio: ainda afundando de vez em quando, mas me mantendo na superfície a maior parte do tempo. Respirando, enfim.

Graças ao bom Deus, fui muito privilegiada durante esse período. Tive a ajuda da minha mãe, do meu pai, de bons amigos e de chefes que me ensinaram muito.

Voltei para a Igreja Católica, defendi meu mestrado, estudei tudo que pude sobre copywriting, escrita e comunicação, fiz novos amigos, participei de uma campanha política…

E o mais importante: pude acompanhar de perto cada etapa do desenvolvimento da minha filha. Amamentei (segurando ela num braço e digitando com o outro, é bem verdade), dei as primeiras comidinhas, ajustei a rotina de sono; vi ela engatinhando, andando e falando mamãe pela primeira vez.

De certa forma, hoje sinto que um capítulo foi encerrado. Sobrevivi à primeira parte dessa nova história. Renasci.

Agora, o desafio é outro. Poderia definir várias metas para 2023, mas existe uma única que compila todas elas: encontrar (ou construir?) meu verdadeiro caminho.

Me conectar com meu VERDADEIRO eu, com minha essência mais profunda e desafiadora. Descobrir o que diabos eu vim fazer nesse planeta. Como posso trabalhar para cumprir minha vocação.

Já sei o que não quero ser. Não quero nada que remeta à Letícia de 3 anos atrás. Resta agora descobrir (ou criar?) um novo caminho.

Então, volto à pergunta que deu o título desse texto e para a qual você já deve ter percebido que eu não tenho a mais vaga resposta.

Como descobrir quem se é? Como construir uma identidade verdadeira, não baseada em sonhos irrealistas ou projeções, mas na realidade concreta?

Somos quem somos ou quem escolhemos ser?

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Letícia Arcanjo

Existem mais coisas entre o homem e a compra do que sonha a nossa vã filosofia.