Quem diria…

Letícia Arcanjo
2 min readJan 31, 2022

Ao brilhar um relâmpago nascemos,
dura inda seu fulgor quando morremos:
tão curto é o viver!

Passei anos da minha vida detestando a figura de Olavo de Carvalho.

Do alto da minha arrogância juvenil de bióloga recém formada e cientista wannabe (claro, profundamente materialista), eu achava que Olavo era um maluco, um velho senil e conspiracionista.

Nutri esse ranço por muito tempo, até que, no lugar mais inusitado possível, tive contato com o melhor tipo de evidência que a obra de alguém pode gerar: seus frutos.

Um colega, de um grupo ocultista do qual eu participava no Facebook, compartilhou um texto de um dos alunos do Olavo, o Ícaro de Carvalho. Não sabia da relação entre os dois, ou provavelmente nunca teria lido o texto todo.

Mas o fato é que li, e alguma coisa aconteceu dentro de mim naquele momento.

Algo como uma pequena chama, quase uma faísca, se acendeu. Eu, que sempre fora uma leitora ávida, havia realmente me identificado com o estilo de muito poucos escritores até então. Percebi que o Ícaro era um deles.

Passei alguns meses imersa nos seus textos e, a partir dele, acabei tendo contado com outros membros do universo Olavista. Aos poucos, analisando a qualidade dos materiais que lia, tive que dar o braço a torcer: havia algo bom ali.

Ainda me lembro do primeiro texto que li do próprio Olavo: era um ensaio sobre inteligência e verdade que me deixou simplesmente maravilhada. Ali eu percebi que o véio era realmente um gênio.

Desde então, venho estudando suas aulas, apostilas — não só dele, mas de outros alunos competentíssimos, como Ítalo Marsili e Pedro Augusto — e as mudanças que toda sua escola de pensamento causou na minha vida são imensuráveis.

Graças ao trabalho desse grupo de pessoas eu amadureci, deixei de ser autorreferente, aprendi o jeito certo de estudar, descobri uma nova profissão, me (re)converti ao catolicismo e vou constituir uma família.

Deixei de ser uma menina, mais uma jovenzinha sem personalidade em meio à massa amorfa do progressismo. Me tornei uma mulher, me tornei GENTE.

Hoje, alguns dias após sua morte, a sensação é menos de tristeza e mais de gratidão. Não no sentido new age tosco da palavra, mas em seu significado mais profundo:

Uma felicidade crescente por ter sido agraciada a compartilhar parte do meu tempo nesta terra com uma das (se não a) maior personalidade que a idade contemporânea teve a honra de presenciar.

Olavo não caminha mais sobre esta terra, mas sua obra e seus ensinamentos continuarão frutificando, refletidos no trabalho e vida de seus alunos -

E estamos apenas começando.

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Letícia Arcanjo

Existem mais coisas entre o homem e a compra do que sonha a nossa vã filosofia.