Quem diria…
Ao brilhar um relâmpago nascemos,
dura inda seu fulgor quando morremos:
tão curto é o viver!
Passei anos da minha vida detestando a figura de Olavo de Carvalho.
Do alto da minha arrogância juvenil de bióloga recém formada e cientista wannabe (claro, profundamente materialista), eu achava que Olavo era um maluco, um velho senil e conspiracionista.
Nutri esse ranço por muito tempo, até que, no lugar mais inusitado possível, tive contato com o melhor tipo de evidência que a obra de alguém pode gerar: seus frutos.
Um colega, de um grupo ocultista do qual eu participava no Facebook, compartilhou um texto de um dos alunos do Olavo, o Ícaro de Carvalho. Não sabia da relação entre os dois, ou provavelmente nunca teria lido o texto todo.
Mas o fato é que li, e alguma coisa aconteceu dentro de mim naquele momento.
Algo como uma pequena chama, quase uma faísca, se acendeu. Eu, que sempre fora uma leitora ávida, havia realmente me identificado com o estilo de muito poucos escritores até então. Percebi que o Ícaro era um deles.
Passei alguns meses imersa nos seus textos e, a partir dele, acabei tendo contado com outros membros do universo Olavista. Aos poucos, analisando a qualidade dos materiais que lia, tive que dar o braço a torcer: havia algo bom ali.
Ainda me lembro do primeiro texto que li do próprio Olavo: era um ensaio sobre inteligência e verdade que me deixou simplesmente maravilhada. Ali eu percebi que o véio era realmente um gênio.
Desde então, venho estudando suas aulas, apostilas — não só dele, mas de outros alunos competentíssimos, como Ítalo Marsili e Pedro Augusto — e as mudanças que toda sua escola de pensamento causou na minha vida são imensuráveis.
Graças ao trabalho desse grupo de pessoas eu amadureci, deixei de ser autorreferente, aprendi o jeito certo de estudar, descobri uma nova profissão, me (re)converti ao catolicismo e vou constituir uma família.
Deixei de ser uma menina, mais uma jovenzinha sem personalidade em meio à massa amorfa do progressismo. Me tornei uma mulher, me tornei GENTE.
Hoje, alguns dias após sua morte, a sensação é menos de tristeza e mais de gratidão. Não no sentido new age tosco da palavra, mas em seu significado mais profundo:
Uma felicidade crescente por ter sido agraciada a compartilhar parte do meu tempo nesta terra com uma das (se não a) maior personalidade que a idade contemporânea teve a honra de presenciar.
Olavo não caminha mais sobre esta terra, mas sua obra e seus ensinamentos continuarão frutificando, refletidos no trabalho e vida de seus alunos -
E estamos apenas começando.